sexta-feira, 25 de junho de 2010

O Gato e o Guru


Conta a tradição que, na Índia antiga, existia um Guru que costumava se reunir com seus seguidores para orar e também para ajudar os mais necessitados que os procuravam. Assim procediam em todas as suas reuniões.

Ocorre que o Guru tinha um gato. Assim, sempre que todos se reuniam, o gato começava a se enroscar nas pernas dos que ali estavam presentes, perturbando a concentração. Diante do problema, o Guru decidiu amarrar o gato numa árvore. Dessa maneira, sempre que se reuniam para as meditações, amarravam o gato na árvore.

Passou-se o tempo. Morreu o Guru. Assume um outro em seu lugar, e continuava o gato amarrado na árvore. Morreu o gato. Como já estavam acostumados a se concentrar com o gato amarrado na árvore, preocuparam-se em arranjar outro.
Passou-se o tempo. Morreu o gato. Arranjaram outro gato.
Morreu o Guru, mas lá continuava o gato.
Muitos anos depois, essa seita estava discutindo somente os temas referentes ao tipo de gato sagrado que deveria estar amarrado na árvore; qual acorda sagrada com qual deveriam amarrar o gato? A raça do gato sagrado. Em qual tipo de árvore sagrada se deveria amarrar o gato sagrado etc.

Ou seja, tinham confundido completamente o essencial com o acessório. Não tinham tempo para receber os pobres, os miseráveis, para orar e meditar, porque o importante era discutir a cor do gato, tipo de corda etc.

Nos tempos atuais, o que fazem as religiões e o que discutem os seus aspectos? Não se pode vestir de preto. Não se pode comer isto ou aquilo. Temos de nos voltar para Meca. Temos que fazer determinados tipo de sinais religiosos. Católico que é católico não deve ler livros espíritas.
O verdadeiro protestante não pode participar disto ou daquilo. Espírita que é espírita não joga nas loterias. Tal religião é verdadeira – as outras são equívocos cometidos por alguém. O Deus dessa religião é o real. E continua a humanidade a discutir as cores do gato, o tipo de corda e de árvore, esquecidos, no entanto, do essencial que é “o amai-vos uns aos outros” pois tudo o mais nos será dado por acréscimo.
Federações, confederações religiosas, estatutos formalistas, opiniões dogmáticas, purezas doutrinárias, autoridades terrenas em detrimento das “espirituais”, orgulho intelectual, agressões à sensibilidade alheia etc., são marcas do nosso cotidiano e, passamo-se vidas e mais vidas, e os espíritos que ciclicamente reencarnam na Terra repetem-se nas suas fragilidades íntimas, exteriorizando sempre o fruto do seu primitivismo espiritual, independente da religião que abracem, pois nenhuma há que transforme alguém no que ele ainda não é.
Texto extraído do livro Recado Cósmico
Editora Zian. Jan Val Ellam

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