domingo, 17 de outubro de 2010

Mamãe! Votar em quê?

Quando a questão é votar em que e não em quem, é sinal de que estamos muito mal servidos de candidatos. Afinal, quem é que pode representar o povo na presidência do Brasil?

Vergonhosamente, a campanha final para as eleições presidenciais de 2010 se transformou em palco para uma batalha inglória da qual o povo sai perdendo mais. A onda do eu fiz isto, o outro lado fez aquilo, parece mais um teatro armado para distrair a nossa atenção, impedindo-nos de ver que, de fato, faltam propostas sérias para o nosso futuro.
Ambos os candidatos querem fazer o país continuar avançando. Porém, muitas vezes, avançar significa atirar-se no abismo da inconsequência. E eu, realmente, não sei dizer para onde cada um pode mesmo levar nossa nação.
O Lula, sem dúvida, é um ícone nacional. Sua diplomacia, forjada nas máquinas de fundição sindical, deu-lhe o carisma necessário para conquistar a massa e dois mandatos seguidos. Caso tivesse sido barrado antes do segundo mandato, o país teria ficado numa situação insustentável, já que ele tirou os quatro primeiros anos para viajar para o exterior, negociando com os poderes do mundo o que FHC planejou, mas não realizou. Pagou a dívida externa com o dinheiro da segurança e da saúde nacionais, usando o “bolsa família” para barganhar votos com a massa.
Os investimentos com marketing, que constituíram prioridade em todo o primeiro mandato de Lula, mais uma vez surtiram efeito positivo para o governo, que se reelegeu.
O plano “fome zero” que elegeu Lula pela primeira vez, não se cumpriu; mas ele se deu por satisfeito com o pouco que fez e lançou o PAC, que também não se cumpriu. Como disse Marina em sua campanha de eleição no primeiro turno, “o PAC não é um planejamento, mas um acúmulo de projetos”; e o governo não conseguiu concretizar nem 50% dos objetivos da primeira versão do programa.
Apesar de o próprio presidente Lula reconhecer esta marca, o governo anunciou, em julho deste ano, o PAC 2, para iludir o povo de que o país está “avançando”.
O mesmo mote de campanha, que nada mais é do que o velho modelo “pão e circo” romano, conquista, para o segundo e derradeiro turno, as camadas mais pobres, O problema é que esta grande fatia da sociedade não se preocupa com a ameaça da volta à censura na imprensa ou se as áreas verdes serão mais e mais devastadas para sustentar um plano incabível de reforma agrária a que deram o nome de “Código Florestal”. Basta que lhe garantam a “bolsa família” e, se for possível, um pouco mais de saúde, setor tão desprezado até então pelo governo Lula.
A saúde, que sempre foi a marca principal do Serra, na campanha deste candidato aparece em alta, e é reforçada pelo pequeno aumento no salário mínimo e inclusão do 13º no “bolsa família”. Como Marina e PV não se posicionaram a favor de nenhum dos dois, Serra se apropria da imagem da bandeira verde para falar de meio ambiente, mas nada tão sério que garanta projetos sustentáveis.
Serra é o candidato da moderação. É comedido em tudo o que faz e não tem a ousadia de um Lula. O aumento do índice percentual de intenções de voto para Serra fez com que a bolsa de valores subisse, o que denota que os empresários preferem apoiar uma economia mais estável, que é o que se consegue com Serra. Mas, até onde se pode confiar nessa estabilidade com Serra na presidência e uma maioria petista no senado e na câmara?
Notadamente, nosso problema não é em quem votar, mas em quê.
Da minha parte, creio que o Brasil precisa de alguém no poder com idoneidade, lucidez frente às necessidades sociais, ambientais e econômicas e com iniciativa própria, sabendo o que faz. Por isso meu voto no primeiro turno foi para Marina Silva.
Alguém como Marina, que aprendeu sozinha e resistiu ao ninho petista sem vender a própria alma, tem ao mesmo tempo a ousadia necessária para fazer o país avançar e a prudência para lidar com esse avanço de maneira segura e positiva, pensando não só no agora, mas também no porvir.
Porém, nós perdemos a chance de eleger Marina nesta eleição. Então, votaremos em quê? No PT, que seguramente fará de Dilma sua marionete para assumir declaradamente o poder e avançar, sim, mas com sua estratégia ditatorial, ou no PSDB e suas coligações, que puxam de volta o estado morno que coloca o país sempre no tempo futuro?
Pessoalmente, não sei o que fazer. Como o principal, que é a educação, ficou de lado tanto do lado de Dilma quanto do lado de Serra, que apresentaram propostas sem expressão e muito mal elaboradas, meu coração diz “anule” e confie apenas no povo, com sua capacidade de discernir o que é bom e o que é perigoso.
Se der Dilma, que estejamos preparados para clamarmos pelo impeachment na primeira punhalada em nome da ditadura e da censura. E, se der Serra, que estejamos preparados para cobrarmos algo a mais do que ele promete, sobretudo, nos quesitos educação, desenvolvimento sustentável e meio ambiente.
No mais, desejo a todos um excelente dia de votação.

Lúcia Roberta Mello

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Cara a cara com os dragões

Mitos, lendas e muita imaginação são os componentes mais frequentes na hora de rechear a torta das verdades que buscamos. Cada um usa o recheio que quer, mas a massa podre da torta é feita com fragmentos da memória que trazemos de tempos longínquos, muitos anteriores a Terra, e alguns poucos anteriores a este Universo.
Dizem que um bom prato depende da mão do cozinheiro; eu digo que quem faz a fama de um cozinheiro é o paladar de quem degusta. E quem se dispõe a provar verdades deve estar disposto a gostar do amargo. Porque, nesta humanidade, as pessoas encontram doce nas ilusões que acomodam o ego na zona pessoal de conforto, deixando o amargo para as verdades libertadoras da alma.
Este é um assunto muito profundo e sério, por isso o inicio com analogias. Trata-se, todavia, do encontro com a nossa própria verdade cósmico-espiritual.
Quando crianças, sofremos o aprendizado de que doces são prêmios de consolação, de aprovação e de comemoração pelo afeto trocado com nossos pais e tutores; e aprendemos que o amargo é o remédio para prevenir dos males ou curar nossas doenças. E porque preferimos aos doces, tornamo-nos mimados e caprichosos, barganhando os nossos favores em troca do que mais nos apetece. Depois de um tempo, amargo mesmo, só em situações extremas.
Na vida espiritual fazemos o mesmo. Vivemos num mundo de doces ilusões, barganhamos nossos potenciais por facilidades e visamos atender mais aos desejos do ego que aos do espírito. Rejeitamos, por outro lado, o trabalho do melhoramento íntimo, o mergulho na profundeza da nossa alma, onde reside a memória do espírito que somos, cuja verdade nos parece amarga.
Isto resolveu nossos problemas durante algum tempo, mas agora a maturidade espiritual recai sobre nossos ombros e não há mais como tapar os olhos para a realidade. Insistente e amorosamente, ela bate à porta da nossa geração gritando que não vai embora enquanto não conseguir entrar em nossas consciências.
Adultos vão ao amargo por conhecerem o bem que o amargo leva à preservação da saúde, Assim é com os espíritos maduros: vão à verdade porque sabem que, ainda que amarga para o ego, ela é doce quando revela o divino em nós.
Desvendar os mistérios da alma é passar pelo vale amargo das verdades do nosso passado no mal para reencontrar o néctar divino da centelha sagrada que habita em todos nós: nosso eu superior.
O problema do ser humano, como bem diz Robson Pinheiro em seu livro “Legião – Um olhar sobre o reino das sombras", é que todo mundo quer ser apenas luz, negando a sombra que existe dentro de si.
Jesus disse: “Vinde a mim as criancinhas”, e não vinde a mim os espíritos infantis apegados a seus caprichos. Conquanto, ele falou e agiu pelos doentes, e não pelos sãos.
A modernidade que descende do século 20 veio preparando a humanidade para entrar em contato com a própria sombra de uma maneira suportável. Com a onda de autoajuda que assolou o ocidente, muitas ferramentas brotaram no mundo esotérico: os florais, o Jogo da Transformação, a popularização do Maha Lila, do I Ching e do Tarô de autoconhecimento, o Reiki e seus derivados, o Renascimento (técnica terapêutica de respiração) a Cinesiologia Terapêutica, o RPG e muitas outras.
Do Jogo da Transformação, que foi desenvolvido pela Findhorn Foundation, uma comunidade de pessoas com experiências e partilhas voltadas para a vida holística, construída em sistema sustentável de ecovila (uma das primeiras ecovilas do mundo), é um jogo cuidadosamente criado para imitar a experiência da reencarnação e identificar o modo próprio que a pessoa utiliza para caminhar por essa trilha nos níveis físico, emocional, mental e espiritual.
Inspirada no jogo, Sônia Café, que é uma das focalizadoras do jogo, escreveu livros como “Meditando com os Anjos” e o “Livro das Atitudes”.
Formada em Letras, Sônia Café atuou como consultora editorial da Editora Pensamento-Cultrix durante 20 anos. Hoje é pesquisadora da empresa Amana-Key para assuntos ligados ao desenvolvimento da consciência humana. No início dos anos 80 participou da criação da Uniluz, centro de vida espiritual e educação holística localizado em Nazaré Paulista, hoje transformado em Universidade da Luz, onde continua atuando como associada e conselheira.
Foi nesta comunidade de Nazaré Paulista que eu a conheci e tive contato com o seu livro “Transformando Dragões”, onde Sônia relaciona 64 dragões muito graciosos que mostram os padrões negativos com que atuam em nosso comportamento, e a forma de transformá-los, pela alquimia interior, em padrões positivos.
Foi desde então que eu percebi que a estratégia da luz de inspirar ferramentas de transformação real estava em andamento na Terra. E pela primeira vez de uma forma popular ou que se poderia popularizar, ousava mostrar que é possível transformar o íntimo rapidamente, derrubando a perspectiva de distanciamento infinito entre nossa personalidade e nosso deus interior que até então formava a visão geral dos interessados em melhoramento pessoal.
O movimento esotérico, apesar de muitas vezes representar uma maquiagem para os falsos neófitos do bem, serviu e serve para trazer à mente humana encarnada a ideia de que é possível, a qualquer um de nós, acender a luz da alma, reintegrar-se a Deus e vencer o mal que fora implantado em nossos padrões há muito tempo.
Os dragões de Sônia Café deram forma às mudanças que fizemos em nós desde os tempos em que o mal foi disseminado na raça humana terrena, mostrando-nos claramente como agimos em comunhão com tais influências, ao mesmo tempo em que nos revela seu oposto positivo, tornando-o acessível.
Tudo isso foi e é muito bom, mas está inserido apenas no contexto psíquico dos seres humanos terrenos. E, especialmente os dragões, não poderiam ser vistos apenas pela imagem reflexa de um psiquismo corrompido. Teríamos, mais cedo ou mais tarde, de enfrentá-los cara a cara, não apenas dentro de nós, mas em seu berço; e, se não pessoalmente, através da revelação do que está por trás das cortinas que separam a consciência encarnada da realidade espiritual.
Quem finalmente descortina para o mundo essa realidade é Robson Pinheiro, através da trilogia O Reino das Sombras, uma obra tratada com rara seriedade o lado obscuro desta humanidade, e que deve ser lida e estudada por todo aquele que se diz espírita ou todo aquele interessado na vida espiritual, pelo menos.
Se o esoterismo revelou as faces psíquicas do mal em nós, o trabalho de Robson Pinheiro revela onde e como esse mal reinou aqui na Terra e onde e como seus representantes atuaram e, infelizmente, ainda atuam.
É prudente, todavia, que os munamos de cautela ao tentarmos compreender a matéria e fugirmos do determinismo característico do modo dedutivo daqueles que possuem pouco conhecimento.
Os “dragões do mal”, como Robson Pinheiro denomina os seres vinculados à causa maligna oriunda do processo conhecido na Terra como Rebelião de Lúcifer, não representam toda a espécie de extraterrestres que se vitimaram com o distúrbio vibratório que marcou a rebelião luciferiana, de modo que nem todo exilado de Capella que veio para a Terra é um dragão do mal ou um draconiano.
Também é lícito dizer que nem todo aquele que sobreviveu no mal às ações de resgate da luz é oriundo de uma mesma raça cósmica.
Estes são assuntos muito mais amplos e profundos do que o que nos é permitido tratar com esses estudos, de modo que devemos, outrossim, beber de muitas fontes e aguardar o tempo do entendimento real destas coisas.
Que sejam, pois, estudados, estes temas, mas jamais tomados como guia para nossas vidas, a não ser no aspecto de investirmos sempre e continuadamente, com a maturidade alcançada, em nosso melhoramento íntimo.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

ANJOS DECAÍDOS

"Existem verdades que ainda não encontraram seu tempo para serem devidamente percebidas, delas restando somente vislumbres, para os que vivem na Terra".

Dessas verdades, surge o importante livro de Jeane Miranda de Sousa, cuja leitura recomendamos.

Consulte e baice gratuitamente no endereço abaixo:

http://www.facebook.com/l/0017f;www.orbum.org/2010/08/livro-anjos-decaidos/

Jesus ou Barrabás?

A escolha por Barrabás no lugar de Jesus há dois mil anos reflete nossa tendência a exercer uma política de respostas imediatas que sustenta dominadores e dominados, em detrimento da política de amor incondicional exemplificada por Jesus.


Há cerca de dois mil anos, o povo judeu foi interpelado pelo império romano para saber qual dos prisioneiros seria libertado no dia da Páscoa dos judeus: Jesus ou Barrabás. Passados estes dois milênios, ressona em nossos espíritos o mesmo senso político de dualidade. O que isto quer dizer?
Barrabás é o nome que damos para Bar-abbâ, Bar Abbas ou Bar Aba (o filho do pai, por tradução do aramaico). Ele foi um revolucionário revoltado contra o jugo judeu ao império romano, que praticava impostos exorbitantes e desmedidos, que recebiam sem escrúpulo, muitas vezes tirando até mesmo o instrumento de trabalho dos devedores.

No caso de Barrabás, que era originário da cidade de Jopa, ele possuía um bote com o qual exercia a profissão de remador, e este lhe fora confiscado pelos romanos diversas vezes, por recusar-se a pagar tão altas taxas de impostos.

Forte, extrovertido e bruto, Barrabás tornou-se uma espécie de líder rebelde de um grupo de zelotes (zelotes eram membros de um partido judeu do tempo de Cristo, que se opunha à dominação romana, mas também era incompatível com a soberania do Deus de Israel) dos mais violentos.

Barrabás dedicou-se, assim, a roubar e saquear de quem quer que fosse, mas, com especial apreço, aos cobradores de impostos. Arrebanhou diversos seguidores à sua volta e, um dia, seguiu incógnito para Jerusalém, onde foi finalmente preso.

Jesus, que viveu à mesma época e situação geopolítica que Barrabás, a seu modo, também foi um revolucionário agitador que arrebanhava em torno de si diversos seguidores; e estes, tal como os seguidores de Barrabás, também viviam revoltados com a situação política que imperava na extensão de terras de domínio romano.

Ao contrário de Barrabás, porém, Jesus jamais empunhou uma espada ou proferiu palavra alguma de condenação, revolta ou ira contra quem quer que fosse. Quando muito, deixou transparecer sua indignação com os vendilhões do templo, aos quais expulsou de lá como forma de condenação ao comércio das coisas santas. Fora isto, sua ação foi sempre pacífica e sua fala de verdade e consciência. Não se opunha ao império, mas pregava uma linha de conduta naturalmente oposta à praticada por Roma.

Assim, aos olhos do governo local da época, ambos feriam o status político romano, cujas estratégias eram criadas com vistas à dominação e conquista expansiva de territórios.

A realidade política que sustenta as hordas de dominadores e dominados em lados opostos de uma mesma gangorra social não é exclusividade da época do império romano. Em geral, os governos ainda se distanciam da máxima governamental de zelar pelo seu povo e, ao contrário disto, subjugam-no educando-o e mantendo-o a serviço de seus próprios fins, não importam quais sejam estes.

Os lados que se contrapõem ao governo costumam se exaltar e criar muito mais balbúrdia e desordem; isto quando não empunham espadas que ameaçam o tempo todo qualquer tentativa de se criar estabilidade e concórdia.

A proposta política de Jesus não compactuava nem compactua com a violência ou com a imposição de nenhum dos dois lados, ou seja, nem por parte do governo, nem por parte do povo a ele submetido. Jesus trouxe para o mundo uma concepção política de melhoramento íntimo e pessoal, onde ninguém espera nada do outro, mas dá tudo de si para o bem comum.

Alguns representantes políticos têm atestado estarem trabalhando pelo exercício político cristão, porém, confundindo o sentido cristão com os ditames católicos impostos por uma igreja de berço romano, que sempre agiu e imprecou conforme sua própria sede de poder e dominação.

Pelo visto, a ânsia de dominar tornou-se inerente ao ser humano e marcou o Estado de Roma e sua descendência com especial atenção, dando-lhe ênfase histórica.

Os séculos passaram buscando uma adaptação. De lá para cá, a Igreja tomou o Cristianismo para si desvirtuando-lhe o berço das intenções jesuíticas. Adaptou, com seus cânones, as ideias pacíficas difundidas por Jesus ao caráter tendente à submissão de seu povo; ditou normas de conduta e, finalmente, em 1518, criou o "Livro das Taxas da Sagrada Chancelaria e da Sagrada Penitenciaria Apostólica", onde de um lado estava o preço a se pagar por cada pecado cometido e, de outro, o pecado ao qual se referia.

Como tudo o que mexe com o bolso do ser humano tende a definir sua predileção, mais uma vez o povo se revoltou e, da revolta, surgiu o Protestantismo.

Cheios de boas intenções, mas intimamente maculados pelo instinto selvagem de Barrabás, os protestantes de então fincaram pé em terras norte-americanas; e lá, não fizeram outra coisa senão exercerem suas tendências de dominação herdadas da mesma Roma que pretenderam combater, fazendo dos Estados Unidos da América um país de despotismo, lutas imorais e domínio econômico destrutivo.

Nossa consciência política aqui no Brasil, coisa da qual nos vangloriamos todo dia e, sobretudo, neste instante eleitoral em nosso país, não se difere em nada dos povos que a história registrou. Estamos, outrossim, igualmente reduzidos ao que os nossos bolsos ditam: se nos proporcionam maiores rendas, ganham nossos votos; se nos tiram o que era para nosso sustento ou deleite, ganham nossa oposição.

Quem, afinal, pode se dizer ao lado de Jesus ou ser um eleitor verdadeiramente cristão? Quem é dotado de tamanha ousadia amorosa que pode se fazer e se realizar através da própria doação, sem contestar ou agredir ao governo, mas, ao contrário, respeitando seus intentos e limites, porém, não se submetendo às atrocidades que aquele comete contra o povo, mostrando-se não submisso, imparcial ou alheio, mas atuante no bem, vigilante na verdade e pleno no amor?

E se também não há algum político cristão habilitado em dar a seu povo sem nada desejar em troca, e interessado em promover a sublimação do seu povo através da educação filosófica, da prática do amor fraternal e das leis maiores, de quem deve ser o primeiro passo senão de nós mesmos, eleitores e cidadãos, ainda que, partindo de uma mera reflexão?

Na verdade, o que está em discussão não é o fato de sermos verdadeiramente cristãos, mas o fato de sermos verdadeiramente livres, amorosos e sábios, como Jesus o foi.

Nossa situação planetária revela o quanto estivemos agindo de maneira inadequada e egoísta até aqui. Porém, continuamos a agir como crianças mimadas que pedem, exigem e batem o pé quando não ganham o que querem.

Em pior situação, somos como zelotes, preferindo a revolta, o saque e a violência como resposta ao nos cobram para viver ou sobreviver.

Não somos como Jesus, isto está óbvio. Porém, não tentarmos ser como ele está piorando os problemas do mundo. E isto não é uma questão religiosa, mas sim, uma questão política da mais séria.

Nosso dever, portanto, como cidadãos e eleitores, é o de respeitar os governantes, acatar as leis dos homens, mas, de modo pacífico, imperioso e constante, praticarmos o que for possível pela sobrevivência desta casa planetária. Esta é a mudança que devemos operar em nosso próprio comportamento e em nosso íntimo, dependendo disto o nosso futuro da nossa humanidade.