quinta-feira, 29 de abril de 2010

Qualidade de ser e estar através da visão pessoal

O entendimento da vida está na amplitude
com que você olha para ela. Para uma visão estreita, possibilidades restritas;
para uma visão ampla, possibilidades infindas.


O zen budismo, assim como outras tradições orientais, está repleto de metáforas que nos ensinam a importância de alargarmos nossa visão quando olhamos para cada situação de vida. Como no caso daquela em que o mestre manda que seu discípulo tome uma mão de sal, misture a um copo de água e experimente dessa água. O discípulo, após experimentar, acha a água insuportavelmente salgada. Então, o mestre manda que tome do mesmo punhado de sal, misture à água de um lago e depois experimente dela. O discípulo, então, experimenta e percebe que a água está boa. A conclusão é óbvia: quando você percebe a vida numa dimensão mais alargada, aquilo que a torna difícil numa dimensão estreita passa a nem fazer diferença.

Ouvimos, também, o caso dos três pedreiros que estavam num canteiro assentando tijolos. Passa um homem e pergunta aos três, um por um, o que estão a fazer. O primeiro responde que está assentando tijolos, o segundo diz que está erguendo um muro e o terceiro, de visão mais consciente e alargada, responde que está erguendo uma bela catedral.Jesus disse: "Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará. A minha Palavra é a verdade".

Essas coisas são ditas e ouvidas, e causam reações diversas nos seres humanos, mas está na hora, pela maturidade desta nossa humanidade, que nos esforcemos por olhar para a vida de forma mais alargada sempre.

Se você sai de casa pela manhã, vai ao trabalho, cumpre com suas obrigações, ganha o pão, coloca-o na mesa e simplesmente o come e acha que a vida é este ciclo pela sobrevivência, você está assentando tijolos, sua visão é estreita e a vida lhe parecerá sempre um copo de água salgada. Se você percebe, além disso, necessidades de melhora à volta e faz alguma coisa para contribuir com a qualidade de vida do outro, você avançou um tanto mais; é como tomar consciência de que está levantando um muro. Porém, se você vai para a vida com espírito questionador, procurando saber o que mais existe além de seus olhos fechados, além da cortina invisível de ar à sua frente ou da espessa camada de água do oceano, ou mesmo que mistérios se escondem nas estrelas, você se põe a caminho de encontrar a verdade oculta anunciada por Jesus.

Como disse Saint Exupèry em O Pequeno Príncipe, “o essencial é invisível para os olhos”. Portanto, deve ser buscado com a certeza de que há uma verdade maior orquestrando a vida. Olhar para isto, cavar esta verdade, é como jogar um punhado de sal no lago e saber que o mesmo não sofrerá alteração ou tomar consciência da bela catedral que se está construindo com o simples fato de assentar tijolos.

É estranho como as pessoas caminham pela vida sem interesse naquilo que foge aos seus interesses pessoais cotidianos.Acaso você sabe o que está ocorrendo no mundo hoje? Você consegue perceber as estratégias do governo que lhe rege? Você sabe reconhecer a intenção por trás de cada ação de alguém?

Chegamos a um ponto em que o conhecimento não pode estagnar no degrau primário do ensino escolar ou do cotidiano da sobrevivência, ele precisa evoluir para os assuntos que embasam a existência humana e esclarecem à humanidade seu contexto cósmico-universal.

Basta de deixarmos a história para ser escrita por vencedores, dominadores e déspotas que não se importam muito com o que você tem para contar, com o que viveu; temos de olhar com atenção plena para o que está acontecendo nos bastidores das nossas vidas para contarmos em tempo real as mudanças que estão ocorrendo no mundo agora. Só assim garantiremos um futuro honesto para nossos filhos e filhos honestos para o mundo do futuro.

Se continuarmos todos olhando para a vida através do foco estreito do pessoal, que qualidade nós daremos às nossas vidas? A quem estamos, portanto, delegando o direito de exercer decisão e poder em nossas vidas?

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