quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

O Livro de Eli

O testemunho da fé e dos valores verdadeira se revela através da visão futurista do filme O Livro de Eli causando grande impacto de consciência.


O filme produzido pela Columbia Pictures e distribuído pela Warner Bros. desde janeiro de 2010 (em Portugal e Brasil só chegou em março, respectivamente nos dias 11 e 19) não foi recorde de bilheteria nos Estados Unidos somente por conta do imbatível Avatar, porém, garantiu o sucesso da estreia.

A repercussão pelo mundo não deixou por menos, se considerarmos o índice de arrecadação de U$157.057.949,00, ao final de sua exibição.

Classificado como ação e ficção científica, o enredo de Gary Whitta reescrito por Anthony Peckham trata, na verdade, do futuro terreno provável, caso a humanidade não mude drasticamente hoje o seu modus vivendi, sua relação com a natureza e com os valores com os quais ajusta seus comportamentos socioambientais.

Envolvido por uma película que desbota a cor natural, o filme aparenta um mundo acinzentado pela ação devastadora de uma guerra que quase dizimou a humanidade deixando apenas poucos sobreviventes e pouquíssimos recursos de sobrevivência.

Numa nova terra sem lei, dois personagens fortes aparecem como articuladores de uma nova etapa, pós-apocalíptica: Eli (Denzel Washington), uma espécie de agente de Deus que tem a missão pessoal de recuperar a divulgação da Bíblia sagrada, cujos exemplares foram queimados todos, menos o que Eli carregava consigo, e Carnegie (Gary Oldman), uma espécie de prefeito de um vilarejo remanescente que procura pelo livro sagrado com o intuito de governar o mundo através do poder e do medo que a Bíblia poderia lhe ofertar, conforme fora no passado.

Carnegie subjuga as pessoas do vilarejo com sua intelectualidade e poder econômico maior. Mantém uma mulher cega como companheira, e à filha desta, porém as trata como meras escravas.

Eli, por sua vez, luta por uma sobrevivência idealista com o objetivo de encaminhar-se para o Oeste e ali poder encontrar um lugar que recebesse e tratasse a Bíblia com seu devido valor, com pessoas ou alguém que pudesse trabalhar ao seu lado pela divulgação da palavra pela fé, e não pelo domínio.

Quando os dois se encontram, Carnegie, reconhecendo a superioridade intelectual, moral e física de Eli, propõe trabalho ao forasteiro, desde que este lhe entregue o último exemplar do livro que tanto deseja obter.

Negando entregar o livro ao ambicioso "prefeito", Eli sai ileso do vilarejo, amparado pelas forças divinas que o protegem de qualquer ataque, inclusive, dos grupos de humanos que caçam humanos para comer suas carnes, em nome de uma sobrevivência amoral e contaminante que se instalara no planeta.

Segue-o a jovem Solara (Mila Kunis), filha da cega Claudia (Jennifer Beals), que se sensibilizara com as poucas palavras e práticas introduzidas em sua vida por Eli no pouco contato que tiveram. Eli a rejeita, mas depois, vendo-a em perigo, recorda os preceitos da Bíblia e a salva, aceitando-a como companheira de jornada.

Interpelados por Carnegie e seus comandados, Eli é baleado e acaba entregando o exemplar da Bíblia para o déspota, em troca da vida da jovem.

Os dois, então, vão para o Oeste e enfim encontram um livreiro que se empenha por recuperar a cultura do mundo e se digna complacentemente a editar e reproduzir o livro sagrado.

Eli, ferido e já no fim de suas forças, não se demora e surpreende quando simplesmente dita o livro inteiro para o livreiro, mostrando que os 30 anos em que esteve à busca de seu destino lhe serviram para absorver o compêndio a esse nível de decorá-lo por inteiro.

Concomitantemente ao trabalho de Eli, o braço direito de Carnegie se empenhava a abrir o complexo fecho que separava o déspota do tão almejado tesouro. Uma vez que o conseguiu, porém, descobriu que o livro estava todo escrito em braile, o que impossibilitava sua leitura, a não ser por Cláudia, que recusou fazê-lo, supostamente por indicação do próprio livro, que seu algoz abrira ao acaso e colocara à sua frente para que ela lesse para ele.

Eli termina seu trabalho e morre, mas antes clama a Deus que proteja a jovem da mesma forma como o tivera protegido até então. Solara toma posse das armas de Eli e sai em jornada própria com o intuito de regressar à casa, onde poderia, ao lado de sua mãe Claudia, iniciar nova semeadura das leis de Deus.

Apesar de muito pouco comentado no Brasil, O Livro de Eli é um retrato fiel da fé exigida por Javé a seus escolhidos e, por extensão, a todos os que se dignam a tornarem-se fiéis ao Senhor criador do Universo, acolhendo propriamente os preceitos mais básicos: abraçar o desígnio ditado por Deus com total abnegação, perseverar na missão até sua conclusão, confiar na proteção ofertada para enfrentar os desafios do percurso, entender que a tarefa é particular e não se desviar do caminho para atender às necessidades de outrem, sabendo que tal desvio é impedimento para a conclusão da tarefa ("isto não é problema meu" é, no filme, o jargão que exprime o esforço necessário para todos os que trabalham efetivamente para a causa de Javé, uma vez que toda energia gasta com aqueles que não despertam sua mente para a Lei e insistem na vida obscura da ignorância é mero desperdício). Por último, ainda tem-se a doação extrema de si para o benefício da humanidade (já que, ao final, ele próprio não sobrevive para usufruir os resultados da empreita).

Recomendo o filme para todos os que desejam conhecer os meios de atuação de Javé e como, por outro lado, se deve dar testemunho à fé a ele devotada.

O outro ponto positivo do filme é o panorama de destruição que denuncia um futuro muito provável para nossa humanidade, já que somos os reis do desperdício e do emprego equivocado da inteligência e da fé. Como base para reflexão, é de fato imperdível.

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