O que mais une pessoas no mundo é o esporte, e cada país tem suas predileções, conforme a cultura e as condições climáticas e geográficas do lugar. No Brasil, os esportes mais populares são o futebol, o basquete, o vôlei, o automobilismo, a natação e o tênis, de uma maneira geral. Mais recentemente, os esportes ditos radicais também têm ocupado lugar de destaque na nação, o que tem levado mais e mais pessoas aos campeonatos.
Talvez pela difusão cada vez mais constante, o esporte por si tem atraído mais o interesse do público brasileiro, que aos poucos vai elegendo seus ídolos não mais por serem brasileiros, mas por serem melhores no que fazem. Esta característica já marca de há muito o comportamento de alguns países como o Japão, por exemplo, mas estamos cada vez mais adeptos disto.
Isso não quer dizer que as pessoas não torçam mais pelo nosso país; ao contrário, todos querem ver mais vezes o Brasil no topo do pódio, qualquer que seja o esporte que ele represente. A questão é que o olhar do público vem se voltando mais para a performance, o que aumenta o nível de exigência. Por outro lado, o brasileiro também tem se destacado mais em maior número de esportes.
O judô, por exemplo, era um esporte sem muita atração para o público até Aurélio Miguel, em toda sua juventude e vigor, tornar-se campeão do mundo nas Olimpíadas de Seul, em 1988. O mesmo se deu com a ginástica olímpica masculina, que ganhou maior audiência com sucesso repentino do fenomenal Diego Hypólito, irmão da já consagrada Daniele.
O salto à distância, que levou o nosso João do Pulo à imortalidade, prestou o mesmo serviço a Maurren Maggi, que lutou contra inúmeras barreiras pessoais e, com o apoio do marido, da família e de sua equipe, deu ao mundo um exemplo de superação e conquistou o ouro olímpico de Pequim, em 2008.
O tênis, que em nosso país sempre foi elitizado, através do sucesso esplendoroso de Gustavo Kuerten, tornou-se mais popular e atraiu muitos jovens que se interessaram por aprender o esporte. Infelizmente, Guga sofreu contusões que o obrigaram a parar e o tênis voltou a ocupar a lista de retaguarda dos esportes mais populares do Brasil.
A glória de 2008 também recaiu sobre os ombros de Cesar Cielo, que conquistou o ouro nos cinquenta metros livre, tornando-se o herói nacional, já que foi a primeira vez que o Brasil traz o ouro das piscinas para casa. Antes de Cielo, as principais glórias nas piscinas olímpicas eram de prata, duas com Gustavo Borges (100 m livre em Barcelona-1992 e 200 m livre em Atlanta-1996) e uma com Ricardo Prado (400 m medley em Los Angeles-1984).
Se nos voltarmos para o passado, nós nos lembraremos do espetacular Éder Jofre, que conduziu com especial hombridade sua carreira no pugilismo. Sagrou-se campeão no ringue, colocando por muito tempo o esporte em destaque nas telas de televisão; e na vida, com sua conduta generosa, lúcida e exemplar, mostrando uma suavidade nunca antes imaginada para alguém que ganha a vida dando socos em outrem.
O surgimento de heróis repentinos é o que populariza um ou outro esporte por algum tempo. E, para isto, não é necessário que o ícone em questão seja um brasileiro. Ao mesmo tempo em que Cielo atingia sua marca máxima, Michael Phelps também se tornava um herói, recebendo o título de maior atleta olímpico de todos os tempos. Ele ganhou nada mais, nada menos, que oito medalhas de ouro em uma única Olimpíada. O Brasil e o mundo não podiam fechar os olhos para este grande feito.
Também em Pequim, o mundo parou para ver outra estrela brilhar. Era o jamaicano Usain Bolt, que então foi considerado por importantes analistas esportivos como o maior velocista de todos os tempos. Além de campeão olímpico, Bolt também é campeão mundial, além de deter os recordes mundiais nos 100 e 200 metros rasos, bem como no revezamento 4X100 metros.
Além desses recordes, que foram quebrados nas Olimpíadas de Pequim, em maio de 2009, Bolt também quebrou o recorde dos 150 m rasos, em Manchester, fechando o circuito no tempo de 14s35. Na ocasião, ele disse que seu objetivo era tornar-se uma lenda, e que estava trabalhando duro para isto. Mais tarde, em agosto do mesmo ano, o atleta quebrou seu próprio recorde nos 200 m quando fez a corrida em apenas 19.19 segundos, e só então se sentiu consagrado.
O maior veículo de consagração nas maratonas brasileiras tem sido a São Silvestre, prova de caráter turístico-esportivo disputada no último dia de cada ano, em São Paulo. E, embora tenhamos excelentes competidores em nosso país, como é o caso de Frank Caldeira, que ganhou a corrida em 2006, nesta prova, a supremacia africana tem sido inquestionável, notadamente, dos quenianos e etíopes.
E assim como o jamaicano conquistou o mundo nas pistas, o norte-americano nas piscinas e os africanos nas ruas, a cada geração surgem grupos de excelentes desportistas que se destacam, aqui e ali, e se tornam mundialmente amados e admirados, independente da sua nacionalidade.
O Brasil já produziu muitos desses ídolos mundiais, que foram e são consagrados, lembrados e homenageados no mundo todo até hoje. Pelé, sem dúvida, é um deles. Mas também Ronaldinho, o Fenômeno, e Kaká, mais recentemente. Isto, no futebol, porque, imbatível no quesito admiração mundial, é mesmo o nosso saudoso Ayrton Senna, que glorificou não só as pistas do automobilismo mundial, como também a própria vida, dando exemplos invejáveis de cidadania e amor ao próximo.
É de se admirar que, com tantas benesses que o esporte em geral tem feito no mundo no sentido de nos tornarmos verdadeiramente cidadãos planetários, capazes de respeitarmos e admirarmos o outro por seus talentos e esforços pessoais, mesmo quando esses ídolos não pertencem à mesma nação que a nossa, países como a Coreia do Norte ainda não tenham se dado conta de que o esporte está além da competição e da fama.
Na última copa, realizada na África do Sul, a Coreia do Norte jogou contra o Brasil e chegou a fazer um gol, conseguindo o feliz resultado de 2 a 1 para o Brasil. Animado com o placar, o dirigente do país autorizou a transmissão ao vivo dos jogos para seu país. Foi aí que a Coreia do Norte perdeu vergonhosamente de 7 a 0 para Portugal e acabou sendo eliminada ainda na primeira fase. Para o país, a vergonha foi inadmissível e tanto os jogadores quanto o técnico foram seriamente punidos.
Também é de se admirar que haja um segmento religioso que impeça aos seus adeptos de se vincularem a qualquer atividade esportiva. Mas há. No mundo, sempre há quem tome a contramão da evolução. Pois, se existe algo no mundo capaz de confraternizar a humanidade e por tal coisa servir de berço para a cidadania planetária, de que forma isso poderia ser ruim?
O esporte tem servido de ponte entre as diversas realidades sociais, pois reúne em torno de si desde a classe menos favorecida até as autoridades renomadas e detentoras do poder econômico do país e do mundo. Não raro, tira jovens de comunidades carentes para elevá-los ao reino das altas cifras, mas procura dar suporte psicológico para tanto.
Se olharmos para o esporte com olhos de justiça e bondade, veremos que nele reside um poder inimaginável de transformar pessoas. Basta, para isto, que se continue a semear em seu seio regras que conduzam ao moral e aos bons costumes. Esta tarefa recai, sobretudo, nos ombros dos dirigentes de clubes e seus investidores, bem como no de seus respectivos patrocinadores.
Obviamente, o esporte não é a solução para as diferenças sociais; tampouco substitui os pilares tradicionais da ascensão socioeconômica que são, predominantemente, a família e a educação. Porém, é inegável que tem colaborado em muito para derrubar preconceitos e corrigir desvios de caráter. Vale a pena refletir sobre isto.
Nenhum comentário:
Postar um comentário